Skip to content Skip to footer

Quarto Domingo do Advento – Tipologia Textual

Por: Juliana Mara Matos (Licenciada em Letras)

QUARTO DOMINGO 

 

– Análise textual – 

 

Atenção: O texto a seguir propõe pistas ou chaves de leitura sob alguns aspectos linguísticos, ou seja, aspectos relacionados à Língua Portuguesa, seu uso e significado. 
É um convite à uma leitura atenta e dedicada dos textos litúrgicos, com o intuito de auxiliar o atingimento de um pleno entendimento daquilo que se celebra. 

 

Antífona de Entrada
Céus, deixai cair o orvalho, nuvens, chovei o justo; abra-se a terra, e brote o Salvador! (Is 45,8) 

Análise: Essa antífona exprime um pedido: condições favoráveis: orvalho e justiça, para que brote o Salvador. 

 

Oração do dia
Derramai, ó Deus, a vossa graça em nossos corações para que, conhecendo pela mensagem do anjo a encarnação do vosso Filho, cheguemos, por sua paixão e cruz, à glória da ressurreição. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 

Análise: Proponho, conforme a estrutura da oração, analisar seus termos: 

Invocação: Ó Deus.  

Pedido – vamos nos ater um pouco mais nessa parte: 

“Derramai a vossa graça em nossos corações para que cheguemos à glória da ressurreição”. Isso é o que queremos e pedimos.  

E de que maneira faremos jus à graça e à glória da ressurreição, que pedimos? “Conhecendo a encarnação do Filho de Deus pela mensagem do anjo.” 

Com licença para um parênteses, veremos logo mais, no Evangelho, que José conheceu a encarnação do Filho de Deus pela mensagem do anjo, e sua resposta foi, conforme veremos, confiar. Ter fé. 

Como temos estudado, nos é necessária uma ação. Não basta ficar inerte, e a ação, aqui, é conhecer, devemos tomar uma atitude consciente.  

Conclusão: Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 

 

Leitura – Isaías 7,10-14 Leitura do profeta Isaías. 

7 10 O Senhor disse ainda a Acaz: 11“Pede ao Senhor teu Deus um sinal, seja do fundo da habitação dos mortos, seja lá do alto”. 12Acaz respondeu: “De maneira alguma! Não quero pôr o Senhor à prova”. 13 Isaías respondeu: “Ouvi, casa de Davi: Não vos basta fatigar a paciência dos homens? Pretendeis cansar também o meu Deus? 14 Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco”. 

Palavra do Senhor. 

 

Análise: Existe uma instrução dada pelo Senhor a Acaz. E, em resposta, a recusa de Acaz: “Não quero pôr o Senhor à prova”, não quero testar o Senhor. Podemos pensar o motivo dessa resposta, pelo texto apenas não é claro, mas seria por medo? Falta de fé? 

Apesar da resposta de Acaz e, ao mesmo tempo, em resposta a Acaz, o sinal é revelado: “uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco”. 

 

Salmo Responsorial – 23/24 

O rei da glória é Senhor onipotente; abri as portas para que ele possa entrar! 

Ao Senhor pertence a terra e o que ela encerra,
o mundo inteiro com os seres que o povoam;
porque ele a tornou firme sobre os mares
e, sobre as águas, a mantém inabalável.  

“Quem subirá até o monte do Senhor,
quem ficará em sua santa habitação?”
“Quem tem mãos puras e inocente coração,
quem não dirige sua mente para o crime. 

Sobre este desce a bênção do Senhor
e a recompensa de seu Deus e salvador”.
“É assim a geração dos que o procuram
E do Deus de Israel buscam a face”. 

 Análise: Vamos dividir o ritornello do salmo em duas partes, analisar a primeira parte agora, e a segunda após as estrofes: 

Uma afirmação: O Rei da glória é o Senhor Onipotente. Verbo de ligação indica uma qualidade, logo o entendimento aqui é de indissociabilidade entre o ser Rei da glória e Senhor Onipotente.   

A primeira estrofe do salmo continua as exaltações: Ao Senhor pertence a terra e o que nela há (esse é o significado de encerra, aqui), o mundo inteiro com os seres que o povoam… 

Na segunda estrofe, orientações: Quem subirá até o monte do Senhor? Quem ficará na santa habitação do Senhor? 

Quem tem mãos puras e coração inocente, quem não dirige sua mente para o crime. 

Na terceira estrofe, a promessa de recompensa aquele que procurar a Deus: a benção do Senhor. 

E, a segunda parte do ritornello: uma solicitação – Abri as portas para que ele (o Rei da glória, o Senhor Onipotente) possa entrar. 

Ele é Rei e Senhor Onipotente, mas é necessária a permissão para ele entrar, abrindo as portas. Não é uma invasão. 

 

Leitura – Romanos 1,1-7 

Leitura da carta de são Paulo aos Romanos. 

1 Paulo, servo de Jesus Cristo, escolhido para ser apóstolo, reservado para anunciar o Evangelho de Deus; este Evangelho Deus prometera outrora pelos seus profetas na Sagrada Escritura, 3 acerca de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor, descendente de Davi quanto à carne, que, segundo o Espírito de santidade, foi estabelecido Filho de Deus no poder por sua ressurreição dos mortos; e do qual temos recebido a graça e o apostolado, a fim de levar, em seu nome, todas as nações pagãs à obediência da fé, entre as quais também vós sois os eleitos de Jesus Cristo, a todos os que estão em Roma, queridos de Deus, chamados a serem santos: a vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e da parte do Senhor Jesus Cristo! 

Palavra do Senhor. 

 

Análise: É o início da carta com a identificação do remetente e seus atributos: Paulo, escolhido para ser apóstolo e reservado para anunciar o Evangelho.  

Explica que o Evangelho é o anúncio do cumprimento de uma promessa, e essa promessa é Jesus Cristo. 

 

Evangelho – Mateus 1,18-24 

Aleluia, aleluia, aleluia. 

Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho. Chamar-se-á Emanuel, que significa: Deus conosco (Mt 1,23). 

 

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus. 

1 18 Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo. José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente. Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados”. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo profeta: 23 “Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel, que significa: Deus conosco”. 24 Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa. 

Palavra da Salvação. 

 

Análise: O texto do Evangelho já se inicia de maneira interessante: “Eis”. Introduz uma narrativa explicativa que se estabelecerá. Segue descrevendo uma sequencia de acontecimentos sobre o nascimento de Jesus, e, muito importante notar que o foco é José. 

Maria estava desposada com José; 

José era homem de bem; 

Um anjo do Senhor apareceu a José, (e deu-lhe uma ordem): 

José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa; 

José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado. 

 

Vamos entender o que é “estar desposado”? Na tradição judaica, na época de José e Maria, estar desposado, significava estar noivo, em um compromisso só seria desfeito com a morte de um dos noivos ou com o divórcio. O casal ainda não vivia junto. Esse noivado durava cerca de um ano, tempo para o noivo providenciar a casa para habitar com sua esposa, e para a noiva preparar o enxoval. Ter relações conjugais e morar juntos eram atitudes proibidas! (The Catholic Leader.The betrothal of Mary and Joseph. 2021. Acesso em: 13 dez. 2022. tradução nossa). 

Podemos assim compreender melhor a atitude de José: sendo homem de bem, não querendo difamar, ou seja, ofender a reputação de Maria, sob pena de ela ser considerada adúltera e punida conforme as leis da época, pretendia abandoná-la secretamente. Após a mensagem do anjo:   

José confia totalmente em Deus, obedece às palavras do Anjo e recebe Maria. Foi precisamente esta confiança inabalável em Deus que lhe permitiu aceitar uma situação humanamente difícil e, num certo sentido, incompreensível. Na fé, José compreende que o menino gerado no ventre de Maria não é seu filho, mas o Filho de Deus, e ele, José, será o seu guardião, assumindo plenamente a sua paternidade terrena. O exemplo deste homem manso e sábio exorta-nos a elevar o olhar e a impeli-lo mais além. Trata-se de recuperar a surpreendente lógica de Deus que, longe de pequenos ou grandes cálculos, é feita de abertura a novos horizontes, a Cristo e à sua Palavra. (PAPA FRANCISCO. ANGELUS. Praça São Pedro, Domingo, 22 de dezembro de 2019. Acesso em: 13 dez. 2022).

 

Sobre as Oferendas 

Ó Deus, que o mesmo Espírito Santo que trouxe a vida ao seio de Maria santifique estas oferendas colocadas sobre o vosso altar. Por Cristo, nosso Senhor. 

 

Depois da Comunhão 

Ó Deus todo-poderoso, tendo nós recebido o penhor da eterna redenção, fazei que, ao aproximar-se a festa da salvação, nos preparemos com maior empenho para celebrar dignamente o mistério do vosso Filho. Que vive e reina para sempre. 

 

Análise: Gostaria de chamar atenção aqui para a palavra “penhor”. Penhor é uma garantia de pagamento. Veja como isso é sério: nós recebemos uma garantia da eterna redenção. É uma afirmação!  

Em seguida, pedimos mais empenho, mais dedicação. 

 Finalizando as análises desse domingo, e fechando os estudos textuais propostos para os quatro domingos do Advento, ano A:  

Partimos da decisão de ter esperança e confiar, para o que recebemos como resposta a certeza de que O Senhor vem. Alegramo-nos com isso! 

E, a partir de nossa decisão consciente, a exemplo de José, seguimos com fé.  

Deixe seu comentário